E foi inventado o Candomblé...
No começo não havia separação entre o Orun, o Céu dos Orixás, e o Aiê, a Terra dos humanos.
Homens e divindades íam e vinham, coabitando e dividindo vidas e aventuras.
Conta-se que, quando o Orum fazia limite com o Aiê, um ser humano tocou o Orum com as mãos sujas.
O Céu imaculado do Orixá fora conspurcado.
O brando imaculado de Obatalá se perdera.
Oxalá foi reclamar a Olorum.
Olorum, Senhor do Céu, Deus Supremo, irado com a sujeira, o desperdício e a displicência dos mortais, soprou enfurecido seu sopro divino e separou para sempre o Céu da Terra.
Assim, o Orum separou-se do mundo dos homens e nenhum homem poderia ir ao Orum e retornar de lá com vida.
E os Orixás também não poderiam vir à Terra com seus corpos.
Agora havia o mundo dos homens e o dos Orixás, separados.
Isoladas dos humanos habitantes do Aiê, as divindades entristeceram.
Os Orixás tinham saudade de suas peripécias entre os humanos e andavam tristes e amuados.
Foram queixar-se com Olodumare, que acabou consentindo que os Orixás pudessem vez por outra retornar à Terra.
Para isso, entretanto, teriam que tomar o corpo material de seus devotos.
Foi a condição imposta por Olodumare.