Xango Arrependido e Justiceiro

Xango recebeu das mãos de Olodumare, o Deus do Destino Supremo, um pilão de prata que representa a união da Terra, Aye, com o Céu, Orun, o plano paralelo à terra onde moram os Orixás. Nesta ocasião Xango foi elevado à categoria de Obá Oyo, Rei de Oyo, passando a ser o quarto Alafin de Oyo, sendo o único ser vivo a ter o privilégio de ir e vir da terra para o céu para comunicar-se diretamente com Orunmilá, recebendo desse Orixá ordens e instruçães para este melhor orientar-se em suas decisões na terra. Após contar a Orunmilá tudo o que se passava na terra ele retornava feliz, pois sabia que era de plena confiança desse Orixá. Como ser carnal ele foi possuído pela ambição, cometendo um pecado imperdoável aos olhos de Olorun que, por ser muito justo, jamais aceitou uma traição.

Xango tentou apossar-se, definitivamente, do governo e dos poderes da terra e de todos os poderes que existiam no espaço. Olodumare sabendo de tudo que se passava castigou-o, tomando-lhe o pilão que lhe dava o poder de transitar, vivo, para o céu e o poder de governar os homens da terra. Xango desgostoso e muito arrempendido dos atos que praticara entrou em completo desespero, de joelhos, rogou perdão a todos os seres maiores, que lhe viraram as costas. Triste e magoado subiu num monte existente em Oyo e enforcou-se num pé de Obi, a nóz de cola, o pão de Oxalá.

Porém Xango não morreu, desapareceu, ficando o seu espírito entre os dois mundos paralelos à terra. Olorun começou a sentir a falta de seu servo, mesmo sabendo de sua traição, pois Xango foi apedrejado por todos, pois nessa época era a mais terrível das faltas. Olorun pensou, pensou muito, e tomou uma decisão, foi até Olodumare e rogou-lhe perdão em nome de Xango, pedindo-lhe que trouxesse seu tão amado servo. Olodumare então concedeu o perdão a Xango, mas com uma condição, que não mais viesse como homem, mas sim como Orixá e que todas as pedras que lhe foram atiradas servissem para ele castigar os mentirosos, os ladrões e que fulminasse os traidores. E assim foi feito.

Xango retornou a terra como Orixá e não mais como Arayile (ser humano), representando assim, a ira do próprio Olorun contra os homens que se comportam mal na terra, passando a ostentar então um pilão de duas bocas, a parte de baixo representando a terra e a de cima o céu, continuando, assim, a exercer o seu governo em forma de Orixá. É proibido o uso de Obi em seus assentamentos, pois lembra a sua passagem de vida e de morte na terra, tornando-se o Obi uma se suas grandes kizilas.

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